"And the hardest part
Was letting go, not taking part
Was the hardest part"
Assim cantaram os Coldplay, numa das muitas músicas que consegue de imediato transportar-me para um período temporal bem específico.
Foi bom reencontrar esta melodia, no acaso do típico scan da rádio numa viagem de final de dia, aparentemente, sem nada de especial que o pudesse denunciar.
Foi igualmente interessante sentir como a mesma música tem hoje uma interpretação diferente, como os significados e atribuições vão mudando com o nosso trajecto e vivências.
A parte mais difícil é de facto decidir quando basta. Reside na capacidade de ter a clarividência da percepção que aquele é o ponto de não retorno.
Não tenho ainda a experiência que me permitirá certamente lidar com este processo de forma menos desgastante, não obstante, por hora, esta é das experiências mais exigentes e difíceis de levar a cabo. Quase se trata de um processo de luto, mas com a agravante de ser um luto de um vivo. Estranho? Mas é assim mesmo que o sinto... há pessoas, com as quais o grau de ruptura é tal que simplesmente parece que deixaram de existir. Permanecem apenas no nosso imaginário e nas nossas memórias.... mesmo que o seu plano físico subsista.
E acredito que seja a forma melhor de ver as coisas, não é que as pretenda "matar" no plano literal. Consola-me a ideia de as suas vidas prosseguirem e espero que da melhor forma possível (embora não faça questão de o acompanhar), apenas se trata de uma simplificação de relações que por muitos e variados motivos foram-se desprendendo das vidas umas das outras e acabaram por se tornar independentes. Pessoalmente, dei por mim a conseguir aceitar mais a ideia de conservar essas pessoas com o seu banco de memórias, que recruto sempre que necessário, anulando desta forma a componente dolorosa que tendemos a conceder ao afastamento e saudade.
O tempo tem sido um excelente orientador. E após assentar a poeira, é-nos permitida uma visão muito mais limpa da realidade.
Já lá vão 9 anos de experiências egocêntricas por aqui.
E é tão bom sentir esta paz no contacto com o exterior
:)