domingo, maio 23, 2010

Sei que mentes

Sei que mentes.
Cada vez que repetes, com uma segurança assustadora, essa redonda mentira é um pouco de mim que perdes com ela.
Nunca percebi porque o fazes. Nunca percebi. Por hora dá-me a sensação de que o fazes com um mal mais profundo. Que o fazes para te convencer de que é verdade. Se eu não sei, se me dizes o contrário, tem tudo para ser verdade.
Mas não é. A verdade é daquelas poucas coisas intocáveis. Não há intermédios, nem questões de ponto de vista: ou é verdade, ou é mentira. Simples.
E sei que mentes.
A mim, a ti, a outro(a)s!
E isso levanta a maior das questões existências com que me debati. Maior que qualquer uma das que me perseguiu nos longos conflitos mentais da adolescência. Isso faz-me pensar até que ponto cada afirmação por ti dita ao longo destes anos seria verdadeira. Faz-me por em causa tudo.
Não só a veracidade do dito, mas também a verdade do vivido, e a certeza nas pessoas.
Isto leva-me à maior perturbação de sempre. Ao maior conflito de sempre:

Trust, reliance on another person or entity. Having faith in others and believing them.

Confiança. Fé. Acho que toda esta história abalou seriamente a minha, não só em ti. Mas nas pessoas, nas relações humanas. Hoje, parece-me pura utopia pensar nas relações transparentes e honestas, que outrora tive como gold standard.
Gostava de conseguir reverter o processo. Mas o mais angustiante é ver que é independente da vontade, e por mais que queira não consigo, como eu Deus, acreditar nesta fé, na dos homens.
Sinto-me estranhamente amputada, diminuida dessa capacidade essencial à vida, ou pelo menos à minha concepção dela.

Sei que mentes.
Nunca perceberei porquê!

sexta-feira, maio 21, 2010

Algo inexplicável.

Não é tangível.
Depende de algo incontrolável e independente da vontade.
É uma espécie de fé. Mas nos homens.
A minha, a fé nas pessoas, foi-se perdendo com o tempo. Foi-me deixando a cada pequeno episódio menos feliz. Foi-me perdendo sempre que me vi enganada.
Gostava de poder acreditar nos outros de olhos fechados, como outrora. Gostava de manter essa inocência. Infelizmente, não depende da vontade.