terça-feira, outubro 16, 2012

O bem pelo bem.

Tudo começou uns dias atrás, enquanto percorria os olhos pelo Caleidoscopiotuga:

"A minha luta
por Diogo Dantas, em 11.10.12
Ser católico, mais do que convicção profunda, faz parte das minhas raízes, formação e até cultura. Ter crenças profundas e tradicionais é cada vez mais difícil, num mundo relativista onde tudo se compra e vende, onde o facilitismo comanda a vida e o sacrifício é visto como um desvio sem sentido. A maior parte das pessoas acham-se possuidoras de um espírito livre, mas têm medo de estabelecer compromissos ideológicos e estão sempre cingidas a princípios que as oprimem, decepam e restringem.

A busca da felicidade é cada vez mais uma obrigação a que ninguém pode fugir, um alimento inebriante que todos devem consumir, o carro, o telemóvel, o sucesso profissional, a casa, a conquista amorosa, o materialismo selvagem numa época que é a idade média da mente e da liberdade de consciência do ser humano.

(...)
O problema é que essa finalidade impaciente não ganha raízes ou força e alimenta-se da autocomiseração egocêntrica e da superficialidade. Há sempre um momento em que uma pequena voz nos diz para fazer o que está certo e seguir o caminho da coerência e da lealdade. Podemos escolher ouvi-la ou optar sempre pela via mais fácil."

É uma velha questão. Assenta num simples problema que a mim me custa a perceber: A tomada da nossa como a posição universal.
Claro está que se tomámos uma decisão, se optámos por uma posição, achamos de algum modo que ela é melhor. Mas é melhor para NÓS. Porque é que custa tanto entender que a nossa, não é a única cabeça neste mundo? Que consequentemente os nossos, não são os únicos olhos que vêm a realidade?
Na nossa sociedade todos somos católicos, é cultural. Implícita ou explicitamente todos somos condicionados por essa forma ancestral de ver o mundo. Mas entendo aqui o catolicismo como contexto social, se quisermos analisar sob o ponto de vista religioso, então não. Não sou católica.
Mas repara Diogo Dantas, não foi opção. E não compreendo como alguém que se apega tanto à questão da fé teima em não perceber que a "fé" é assim mesmo, algo que se sente ou não (ponto). Não consigo acreditar. Na minha maneira de ver as coisas é algo que simplesmente não faz sentido. Mas isso não me torna uma pessoa com menos ou mais princípios. Isso não faz com que tenha qualquer dificuldade em "seguir o caminho da coerência e da lealdade", até porque todos nós, crentes ou não temos algo a que se chama consciência. Temos todos, independentemente da fé, conceitos morais, noção do bem e mal, certo e errado que fazemos reflectir nos nossos actos.
Não consigo perceber a noção de fazer bem por algo (seja fuga ao castigo, seja noções de compensação pós-mortem sob a forma de paraíso), o bem deve ser feito sempre. Porque é o bem. Simples.
Eu sempre respeitei a visão e opiniões das outras pessoas, continuo a respeitar. Mas cabe-me também a mim acrescentar algo às demais visões, principalmente quando elas são tão redutoras.
*




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