Todos temos recordações de infância, pode ser um cheiro, uma cara, uma paisagem! São memórias nítidas no interior de cada um, guardadas com preciosismo, um verdadeiro tesouro!
Passam anos, décadas, passa a vida, e quando todas as outras memórias teimam em não ser recordadas, claramente sentimos o tal cheiro, tacteamos a tal cara, vemos a tal paisagem!
Porque surgiu esta história? Nem sei bem explicar...Pode começar com: "Estava então eu a arrumar o armário das minhas recordações quando olhei lá no cimo, o cofrezinho onde religiosamente guardo esta parte mágica do meu tão breve percurso...que são as recordações dos meus mais remotos tempos..." Mas não o farei deste modo, a minha velha casa não o merece!
Pois sim, trata-se duma casa, uma casa que via quase diariamente. Por onde enquanto criança ia ter, arrastada por uma brincadeira, ou apenas pela tentação de conhecer mais de um mundo em construção. Perto dela, numa figueira que tão bem conheço, cujos ramos suportaram o meu peso tantos anos, moldando-se ao meu corpo em crescimento, eu parava descansando do frenesim que é crescer... aí perdia o olhar em ti! Velha Casa…posso ver cada pedra tua, posso ver as janelas, as escadas...posso ver, mas de olhos fechados... Esta história surge precisamente porque hoje de olhos abertos vi a casa velha....vi! Mas sem tecto, vi! Mas sem parte das pedras que a erguiam...
É por isso que esta história surge....pela necessidade de acreditar na imagem que tenho de ti nos tempos de criança... pelo sentimento de perda e nostalgia que me assolou...
Para ti, Casa Velha, a partir de hoje, olharei sempre de olhos fechados!
Um comentário:
Nunca achei grande piada às aulas de filosofias aqueles prédios cinzentos de matéria, mas confesso que a tua pequena casa de reflexões me deixou bastante cativo...
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